quinta-feira, 28 de maio de 2009

Problemas e Desafios da Imprensa em Portugal

Numa altura em que aspirantes a jornalistas sofrem uma grave crise de oportunidade no mundo do trabalho, se calhar, é importante tentar perceber algumas das dificuldades desta profissão.
Os problemas são muitos, os desafios que se lhe colocam são ainda mais. Os “dinossauros” da imprensa olham para os “novos” com uma certa desconfiança. A crise financeira dá para isto, também. Os postos de trabalho são cada vez mais colocados em causa. Ainda não há muito tempo, foi notícia a greve de um grupo de profissionais de uma série de jornais da Controlinveste. E porquê? Porque entramos num contexto de preocupação face ao futuro, que conduz à ameaça da perda de postos de trabalho neste sector. É triste, sobretudo numa altura em que existe cada vez mais mercado na área da Comunicação Social, assistir-se ao desmembramento das redacções e à fúria dos jornalistas, que tentam a todo o custo manter o seu emprego.
Por todos estes motivos, é fundamental que se preste cada vez mais atenção aos problemas inerentes à profissão e que exista uma grande vontade de superar os desafios. Para os “novos”, poderá ser importante apostar num ensino profissionalizante, que lhes permita uma diferenciação no mercado de trabalho. Para os “dinossauros”, é importante que não se deixem “instalar” na rotina dos dias. A concorrência é feroz e, por isso, hoje ninguém tem o seu lugar garantido.
Com as novas tecnologias a ganharem terreno, quem sonha com um lugar numa redacção tem que aprender a “mexer” nestes novos monstrinhos informáticos, tem que se consciencializar de que os tempos são de modernidade e que, por muito que se queira, às vezes o destino não é escrever para um jornal que será impresso para o dia seguinte. O online ganha terreno. Qualquer redacção tem notícias a serem actualizadas no momento do acontecimento. É certo e sabido que um jornal impresso não vinga, se não for complementado com o online. Mas, não estará o impresso em risco? Qualquer pessoa que aceda à internet terá oportunidade de ler notícias, sem que para isso precise de gastar um único cêntimo em papel. Uns falam em “crise do papel”, outros mostram-se confiantes e pouco amedrontados com esta possível ameaça. Este é um dos desafios, uma eterna questão à qual só o tempo dará resposta
E a blogosfera? Andam por aí uns blogues, ditos noticiosos, que todos os dias são actualizados. Notícias, crónicas…tudo e mais alguma coisa. Será isto jornalismo? Até que ponto esta não será uma realidade difícil de compreender? Realmente, este assunto, se discutido a fundo, daria pano para mangas. Se o blogue for da autoria de um jornalista profissionalizado e que respeite todos os parâmetros que são impostos à profissão – códigos éticos e deontológicos –, então é jornalismo, disso não há dúvidas.
Depois, há a questão de saber se todos estes desafios não colocarão em causa a forma como se noticia. Não haverá tendência para a banalização da notícia? Não estaremos a assistir a um incremento do sensacionalismo? Estas questões fazem-nos repensar o papel da imprensa moderna. Será que ela conserva os seus princípios éticos de divulgação de temas de interesse público? Ou, por outro lado, explora sobretudo assuntos interessantes para o público? Resta saber escolher a face da moeda.
Até breve*

domingo, 24 de maio de 2009

Aqui há "Gata"



Às 23 horas, os bares das imediações da Universidade do Minho não tinham a clientela habitual. “É natural, esta semana é o Enterro da Gata. Os estudantes preferem ir para o recinto, pois lá é que se está bem”, diz Rita, uma caloira do curso de Arquitectura. A contrariar esta ausência pouco habitual da “estudantada”, um grupo de rapazes canta alegremente, envergando chapéus de palha e óculos fluorescentes, lembrando um clima tropical que contrasta com a noite escura e fria dessa segunda-feira.
Mais à frente, uma fila de gente ocupa os passeios. Esperam pela camioneta que os levará até ao recinto dos festejos, que agora se fazem no Estádio Municipal do Braga. Numa parede imaculada, o cartaz do Enterro da Gata chama a atenção. Nessa noite, serão vários os artistas a encher o palco e a animar o público: UHF, WRAYGUNN e Fernando Alvim. A fila vai diminuindo e podem ver-se garrafas de cerveja vazias no chão. “Não se pode entrar na camioneta com bebidas ou vidro”, explica um dos polícias a um grupo de alunas de Biologia.
Dentro da camioneta, nem a falta de lugares para toda a gente, nem o cheiro desagradável que se sente, tiram ânimo aos estudantes. À frente, perto do motorista, um grupo de finalistas de Engenharia Civil canta com convicção. Uns mais entusiasmados que outros, todos parecem querer festejar até ao último segundo os derradeiros momentos universitários. Passados alguns minutos, avistam-se luzes no céu. “Estamos a chegar”, diz Pedro, um futuro médico.
Para quem não comprou bilhete antecipadamente, o passo rápido para chegar à fila das bilheteiras torna-se essencial. Em pré-fabricados, membros da Associação de Estudantes vão recebendo os 8 euros que se pagam para entrar na festa. Já na entrada, faz-se a habitual revista policial. Num ápice, está-se no recinto e são horas de dançar e cantar ao som dos UHF. Alguns fãs formam um círculo e, aos saltos na relva molhada, consequência da chuva dos dias anteriores, entoam as canções e bebem garrafas de vodka preta. Ouvem-se gritos de entusiasmo: “E salta UHF, e salta UHF…olé, olé.”
Às duas da manhã, as nuvens que se vão formando no céu não parecem assustar a gente que se encontra no local e se vai juntando ao longo das barraquinhas, representativas de cada curso. Todas servem bebidas e vão concorrendo, entre si, pelo preço mais acessível. “Temos que ter lucro suficiente para cobrir as despesas que fizemos. Aqui tem que ser tudo muito barato, senão as pessoas vão para a barraca do lado”, diz Diana. O entusiasmo nota-se no olhar da estudante de Sociologia, que fala do “excelente ambiente académico que se vive nestes dias”.
Mais à frente, uma aluna da Universidade do Porto diverte-se ao som de música brasileira. “Eu sou do Porto, a Queima das Fitas foi a semana passada. Mas tenho cá alguns amigos e aproveitei para vir”, refere, sem parar de sambar. Ao lado, pode ver-se uma barraca diferente das outras. Aqui, não se servem bebidas alcoólicas, apenas sumos naturais e batidos de fruta. “É uma maneira de incentivar os estudantes a não beberem tanto álcool nestes dias de festa. Funciona, principalmente, como forma de prevenção para alguns excessos”, conta uma das organizadoras.
São quatro da madrugada. Numa tenda branca, vêem-se estudantes com cobertores. Estão sentados em cadeiras ou deitados em colchões, embriagados, e alguns deles quase a serem levados para o hospital porque o tratamento prestado pelos bombeiros e pelo INEM, no local, já não é suficiente. Os amigos que os acompanham estão apáticos e assustados. “Eu vou contar tudo ao pai. Nunca mais venho contigo”, grita Mariana ao irmão. “Os estudantes não têm noção dos problemas que o álcool lhes pode trazer. É triste, mas é a realidade”, conta Carolina, uma enfermeira que presta voluntariado.
Vai amanhecendo e o recinto está quase vazio. As filas por um lugar na camioneta continuam, mas agora é para voltar para casa. Os olhares são de cansaço e os corpos pedem descanso. “Amanhã há mais”, comenta um estudante, à saída.

Aqui fica mais um exemplo de reportagem. Desta vez, o momento escolhido inseriu-se nas festas académicas da Universidade do Minho.

Até breve*

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Vê Djokovic a fazer de Nadal (vídeo)

Novak Djokovic é um grande tenista, mas não é menos conhecido pelo seu talento a imitar os adversários. A novidade é que desta vez o sérvio foi desafiado a mostrar a sua «performance» humorística na presença do próprio visado.

Aconteceu na cerimónia que se seguiu à final do Masters de Roma, ganha pelo número 1 do Mundo. Lea Pericolli, antiga tenista italiana e apresentadora do evento, pediu a Djokovic para fazer a sua imitação de Nadal. O sérvio fez-se rogado, disse que nunca o tinha feito com o adversário a ver, mas foi o espanhol quem quebrou o gelo. Pegou na bandeja que Djokovic segurava, prémio para o finalista vencido, e encorajou-o a avançar.

E assim foi. Djokovic puxou os calções para baixo e iniciou a sua exibição, sob aplausos e gargalhadas do público de Roma. E também de Nadal. Uma demonstração de «fair play» que o sérvio rematou com uma piada: «Ele venceu no campo, eu venço nas imitações.»

Vê Djokovic a imitar Nadal em Roma



Fonte: MaisFutebol

terça-feira, 19 de maio de 2009

Crónica do Miguel Sousa Tavares (19/05/09)

Fim de festa

1 A uma jornada do fim, já só está por decidir quem desce à Liga Vitalis de um quarteto composto por Rio Ave, Vitória de Setúbal, Belenenses e Trofense. Destes, o Rio Ave é quem tem a tarefa mais facilitada, com 27 pontos e o último jogo em casa contra o Estrela da Amadora. Os outros três vão lutar para escapar aos dois lugares da despromoção — que o Vitória podia já ter evitado, se não tivesse perdido em casa com o Leixões: agora terá, ou de ganhar na Figueira da Foz, ou de esperar que o Belenenses não cometa a proeza de vencer na Luz. Quanto ao Trofense, só um milagre de conjugação de resultados poderá fazer com que a sua subida ao mundo dos grandes tenha sido tão histórica quanto curta. Porque, como era de prever, o FC Porto não descansou já com o título na mão e passeou na Trofa, sem facilitar coisa alguma, como alias é tradição da casa.
Decidido, sim, é o regresso do velhinho Olhanense à primeira divisão — uma proeza assinada por Jorge Costa, treinador em início de carreira, e que tem o imenso valor de trazer de volta o Algarve ao primeiro escalão do futebol português, fazendo o campeonato verdadeiramente mais nacional. Será desta que vamos ver o Estádio Algarve ter alguma utilidade prática para justificar o dinheiro dos contribuintes lá enterrados, ou a equipe de Olhão vai preferir continuar a jogar no seu modesto estádio? Quando vejo o presidente da Académica falar na hipotética construção de um novo estádio em Coimbra, já não digo nada…

2 Lá por fora, Mourinho cumpriu mais uma promessa e conseguiu a assinalável marca curricular de já ter sido campeão em três países: aposto que não descansará enquanto não o for também em Espanha. Posso achar que o futebol das equipas de Mourinho — Chelsea e Inter — é chato e previsível, mas lá que ele tem o toque de Midas, isso é indiscutível. Mourinho veio ao mundo para vencer e o resto é filosofia. Agora, a verdade é que nunca mais vi uma equipa de Mourinho jogar futebol como jogava aquela equipa do FC Porto que venceu a Taça UEFA na inesquecível final de Sevilha.

3 Grave, grave são as revelações da edição de ontem do Correio da Manhã, baseadas no acesso a um relatório policial que desvenda as relações perigosas entre o presidente do Benfica e os dirigentes da claque No Name Boys — muitos dos quais largamente referenciados no mundo do crime e da marginalidade. O que ali vem é suficientemente detalhado e alarmante para que tudo fique em águas de bacalhau, tanto mais que já era sabido que, ao contrário de Sporting e FC Porto, o Benfica consente e colabora com claques que se recusam a cumprir a lei — nomeadamente no registo e identificação dos seus dirigentes.

O problema das claques organizadas, não é um problema clubístico, mas um problema do futebol, como um todo, e um problema da sociedade. É inútil a discussão de quem tem as piores claques, porque todas elas são potencialmente perigosas, aqui e em toda a parte. Mas a necessidade de ter as claques no estádio, a apoiar a equipa, tem levado os nossos clubes a assobiar para o ar, deixando para a polícia a resolução dos problemas mais graves que elas colocam. E, a meu ver, isso é um erro: ir ao futebol, hoje em dia, é, muitas vezes, uma actividade de risco. E, se as coisas fogem de controle, se os clubes não conseguem garantir nos seus estádios a segurança de quem paga bilhete para ver um espectáculo, qualquer dia só restarão mesmo as claques. Não seria tempo de a Liga de Clubes tentar, aqui também, impor regras suficientemente claras e consensuais? Ou haverá quem não queira o consenso? E porquê?

4 E, pronto, está aberta a terceira época de competição, a nível do futebol. Aquela que, diz-se, mais jornais desportivos vende: a época do «defeso» e das transferências. Como se sabe, é também, desde há uns vinte anos, invariavelmente, a época em que o Benfica é crónico campeão: até já os benfiquistas gozam com a situação. O problema é que este ano não há grande margem nem para gozar nem para falhar, depois do imenso investimento feito no Verão passado e com resultados tão pífios.

Mas há coisas que não há como escapar-lhes, são tradições daquela casa: todos os anos, por esta altura, os jornais desportivos enchem-se de parangonas sobre as extraordinárias aquisições do Benfica que aí vêm. E há duas espécies delas: as verdadeiras vedetas internacionais (que a direcção gosta de apresentar aos adeptos como conquistas muito prováveis, para manter os espíritos em alta) e cujo folhetim de vem-não-vem ocupa umas semanas até desaparecer subitamente assim que a coisa chega a esse infame detalhe de discutir o valor da compra e dos salários a pagar. E depois, há as vedetas desconhecidas ou esquecidas, tipo Freddy Adu, que, uma vez que se noticia a possibilidade de virem para o Benfica, logo se transformam em foras-de-série que a perspicácia do gabinete de prospecção do Benfica detectou, antecipando-se a gigantes como o Real Madrid ou o Arsenal. E logo se desata a recolher depoimentos de todos os que possam atestar a genialidade do craque que aí vem: colegas de equipa, o treinador dos infantis, o cunhado e a sogra, os vizinhos e antigos companheiros dos jogos da rua. Depois, faz-se a fotografia inescapável do novo ídolo (que nunca ninguém viu jogar) com a camisola do Glorioso e são-lhe propostas, à escolha, três alternativas de primeiras declarações: ou que está radiante por vir para um dos maiores clubes do mundo, cuja fama vai da Patagónia ao Círculo Polar Ártico; ou que é um imenso orgulho sentir aquela camisola ao peito; ou que, desde pequenino que se sente benfiquista. E assim atravessamos o Verão e a «silly season» futobolística, com a previsibilidade de alguma coisa tão certa quão certa é a morte.

5S e bem os contei, chegou a haver oito candidatos auto-declarados à presidência do Sporting, assim que, para alívio de todos eles, Filipe Soares Franco declarou que não se recandidatava e Ribeiro Teles manteve-se na sua recusa de avançar. Afastados os candidatos ganhadores, saltaram todos os outros, como coelhos da toca, com tantas ou tão poucas credenciais que chegou a parecer que o poder no clube do visconde de Alvalade iria mesmo cair a rua, à mercê do primeiro que passasse. Mas, agora que os «notáveis» deram homem por si, na pessoa de José Eduardo Bettencourt, os candidatos de ocasião começam a bater em retirada, porque ganhar eleições por falta de comparência de verdadeiros candidatos é uma coisa, ganhá-las em concorrência a sério é outra bem diferente. É assim provável que, no final do processo, não restem aos sportinguistas mais do que duas alternativas de escolha. Excepto para Dias da Cunha, que esse jurou que Soares Franco iria a votos e ainda está à espera de ter razão.

In abola.pt

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Inglaterra: Berbatov teve penalty absurdo, mas há pior (vídeo)

O búlgaro Dimitar Berbatov, do Manchester Utd, penitenciou-se por ter falhado uma grande penalidade frente ao Everton, depois de a meia-final da Taça de Inglaterra ter terminado num nulo após o prolongamento. Atentos, os ingleses quiseram curar a mágoa de Berbatov e o Daily Mail fez uma lista de «penalties» ainda mais absurdos que o do búlgaro.


1. No Brasil, William, do Botafogo, ainda enganou o guarda-redes Diego, do Fluminense, que se lançou para a direita.



2. Peter Devine, do Lancaster City, na final da Divisão 1 da Northern Premier inglesa, contra o Whitley Bay. Sim, esteve a um pontapé de subir de escalão, mas...



3. Francesco Totti entrou este fim-de-semana para o top-ten dos melhores marcadores de sempre da Série A. Talvez já o tivesse feito há mais tempo, se não marcasse penalties desta maneira:



4. Um clássico, também já visto em Portugal. Mas estes protagonistas não são apenas jovens com idade sub-21, antes dois campeões do mundo.



5. David Beckham avança para a primeira grande penalidade de Inglaterra contra Portugal, no Estádio da Luz. São os quartos-de-final do Euro-2004. A bola sai longe do alvo, um adepto agarra-a e a relíquia de Beckham é posta num leilão na net.



6. Stamford Brigde, o Chelsea vence o Man City por 4-0 e Pat Nevin avança para a marca de penalty:



Fonte: Maisfutebol

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Sócio dos lampiões muda para o FCP

É o efeito FC PORTO! Tantas vitórias, tantas conquistas... Qualquer um quer mudar para o MELHOR CLUBE DE PORTUGAL E UM DOS MELHORES DA EUROPA, afinal de contas, para melhor muda-se sempre!!!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Crónica de Miguel Sousa Tavares (12-05-2009)

NORTADA

Por Miguel Sousa Tavares

"11 campeonatos em 15 anos

1 E pronto, lá veio mais um tetra e agora o FC Porto já só está a sete títulos de campeão nacional do historial do Benfica e com seis de avanço sobre o Sporting. Coisa impensável há duas décadas, mas que confirma também internamente o estatuto ímpar, a nível internacional, que os portistas adquiriram e onde já têm larga vantagem sobre a história longínqua do Benfica. Nestes últimos 20 anos, o FC Porto foi campeão por 14 vezes e por 11 vezes nos últimos quinze: mudaram os treinadores, mudaram os jogadores, mudou o estádio, mudaram os heróis e símbolos do clube, mas o espírito de conquista manteve-se sempre inalterável. E, para felicidade nossa, os adversários directos, em lugar de tentar perceber as razões do êxito azul e branco e tentar imitá-las, preferem, à boa maneira portuguesa, gastar a sua argumentação a tentar denegrir o mérito das vitórias, atribuindo-as sempre a factores estranhos. Nestes quatro anos do tetra, a única vez que o Benfica conseguiu incomodar o FC Porto foi quando, com a preciosa colaboração do Ministério Público e do Conselho de Disciplina da Liga, e contando com a ignorância arrogante do Sr. Platini, por pouco afastava o FC Porto da Liga dos Campeões — na secretaria e em benefício próprio. Olhando a campanha europeia que um e outro fizeram esta época, é caso para dizer que, felizmente para o futebol português, a golpada não passou.

Um dos principais, senão o principal, obreiro deste título, como dos dois anteriores, foi, indiscutivelmente, Jesualdo Ferreira. Foi um treinador campeão em tudo: não apenas pôs a sua equipa a jogar o futebol mais competitivo e com ideias mais claras entre os três grandes, como foi também aquele que foi sempre mais sereno e com mais atitude de campeão. No discurso da vitória, Jesualdo voltou a ser lúcido e comedido, sem ponta de arrogância ou vaidade, a que muito poucos resistiriam no seu lugar. Mas, ao contrário do que ele disse, esta não foi a sua melhor equipa dos últimos três anos, e o seu grande mérito consistiu, exactamente, em ter conseguido manter a equipa no topo da competitividade, depois de uma primeira época em que perdeu trunfos tão importantes como Anderson e Pepe, e uma segunda época em que perdeu Ricardo Quaresma, Paulo Assunção e Bosingwa. Quaresma — responsável directo ou indirecto por metade dos golos da equipa na época passada — não foi, de forma alguma, substituído por Cristian Rodriguez e, menos ainda, é claro, pelo trapalhão do Mariano Gonzalez; Bosingwa eclipsava Fucile, sobretudo nesta temporada tão fraca do uruguaio; e Paulo Assunção só agora, que Fernando começa a mostrar melhorias na qualidade de passe, é que parece encontrar substituto à altura. Em contrapartida, Hulk foi a revelação do ano e Cissokho uma grande descoberta do professor (embora, ele, que ainda há quatro meses estava em Setúbal sem receber ordenado, assim que começou a brilhar no Dragão e a falar-se do interesse de clubes estrangeiros, nunca mais voltou a deslumbrar…).

Mas, como já “n” vezes o escrevi, onde esta equipa se revelou fraca foi no banco de suplentes. Jesualdo teve nove ou dez jogadores bons à disposição durante quase toda a época — e nem um só suplente à altura deles. Desdenhou de jogadores com provas dadas ou com promessas exibidas — Vieirinha, Léo Lima, Ibson, Luís Aguiar, Bruno Gama, Hélder Barbosa, Candeias, Pitbull — e construiu uma equipa só com dois médios ofensivos e um extremo de qualidade (Meireles, Lucho e Rodriguez, embora este irregularmente). Se, como diz Jesualdo e com razão, a equipa está manifestamente desgastada e presa por arames, é justamente porque o núcleo duro teve de chamar a si as despesas de uma época inteira. Ainda agora, no jogo do título, foi possível ver claramente como, para além do cansaço dos titulares habituais, a equipa teve ainda de se bater em inferioridade numérica contra a muito bem organizada equipa do Nacional, visto que, em termos práticos, foi como se jogasse com dez o jogo inteiro — porque tanto Tomás Costa, que jogou a primeira parte, como Farías, que o substituiu na segunda, produziram um jogo absolutamente nulo, conforme lhes é habitual e irreversível. Esse foi, pois, a meu ver, o grande mérito de Jesualdo Ferreira, em 2008/09: conseguir ser campeão, finalista da Taça e chegar aos quartos de final da Champions, quase a passar às meias, sem ninguém, absolutamente, capaz de render de vez em quando os nove ou dez jogadores com que ele contava sempre.

Se houver que escolher o jogador do título, para mim ele foi, indiscutivelmente, Bruno Alves. De há muito que venho chamando a atenção para ele, no meio de uma crítica doentiamente facciosa e clubística que insiste em ver em Bruno Alves apenas um caceteiro e um jogador supostamente desleal. Mas a verdade é que, como ainda anteontem se pôde observar contra o Nacional, ele é capaz de passar jogos inteiros sem cometer uma única falta — mesmo que pela frente tenha o melhor marcador do campeonato ou mesmo que tenha de enfrentar o Aguero ou o Forlán do Atlético de Madrid, ou o Tevez e o Rooney do MU. É hoje, em minha opinião, o segundo melhor jogador português, a seguir a Ronaldo, um dos melhores centrais da Europa e do Mundo, com um poder de impulsão que faz lembrar, para melhor, o Fernando Couto dos bons tempos. Corta sempre com calma e estilo, coloca bem a bola à distância, sai a jogar de cabeça erguida, entrega-se ao jogo como ninguém mais e ainda cobra livres e marca golos de cabeça. Neste campeonato, marcou até à data cinco golos, começando com o golo de livre em Alvalade, que foi o arranque para o título, e acabando com o golo de cabeça contra o Nacional, que confirmou o título. Em toda a época (em que não falhou um jogo europeu ou do campeonato), teve apenas um fatal deslize, e logo por azar em Manchester, oferecendo a Rooney um golo caído do céu. Mas, como é fácil de adivinhar, a SAD do FC Porto só tem que não se precipitar, na hora inevitável em que o vai vender no final da época, esperando tranquilamente sentada pela melhor oferta. Para mim, que me lembro da sua primeira e desastrada época ao serviço do clube, a evolução de Bruno Alves até se tornar um jogador de eleição é das coisas mais notáveis que vi nesse campo e, sem dúvida, um dos grandes méritos do trabalho de Jesualdo Ferreira. Se as pessoas gostassem verdadeiramente de futebol, podiam reconhecer isto, independentemente das simpatias clubísticas — assim como eu reconheço que não há ponta-de-lança como o Liedson no nosso campeonato, e há vários anos. Mas é certo e sabido que quando Bruno Alves estiver a jogar num dos grandes da Europa, já todos lhe irão reconhecer o estatuto.

2 O Boavista está à beira de cair na III divisão e, se isso acontecer, é o prenúncio do fim — com uma decisiva ajuda do CD da Liga, é verdade, mas também com culpas próprias por ter tido mais olhos que barriga. O Belenenses está também a um passo da segunda divisão e a queda pode também precipitar uma morte até hoje periclitantemente adiada. E serão dois campeões nacionais (dos cinco únicos que temos) a mergulhar nas profundezas de um abismo insondável. Talvez consiga ainda safar-se o histórico Vitória de Setúbal, mas também não vejo como é que poderá sobreviver a prazo um clube cuja única viabilidade económica depende de o governo lhe autorizar um negócio imobiliário ao pé do qual a aprovação do Freeport é perfeitamente banal. Valha-nos o também histórico Olhanense, que está quase à beira de regressar lá acima e voltar a pôr o Algarve no mapa do futebol português de I Divisão."

in abola.pt

segunda-feira, 11 de maio de 2009

FC Porto TETRACAMPEÃO




O FC Porto ganhou o 24º título da sua história, o quarto consecutivo, o 17º da era Pinto da Costa e o terceiro de Jesualdo Ferreira. Ganhou-o ao longo de 28 jornadas com muitos altos e alguns baixos e confirmou-o ontem com um golo solitário de Bruno Alves num jogo que o Nacional fez questão de complicar até ao último fôlego, justificando o nervosismo que a equipa de Jesualdo Ferreira acusou ao longo de toda a partida. No final, quando Artur Soares Dias apitou pela última vez, confirmando a conquista do segundo tetra da história do clube, o Dragão suspirou de alívio e a festa tomou conta do relvado primeiro, das bancadas depois, da cidade inteira a seguir e, por fim, do País até ecoar pelo Mundo inteiro. Mas este não foi um título fácil de confirmar.

O FC Porto entrou no jogo com vontade de o resolver depressa, mas também foi depressa que se percebeu a indisponibilidade do Nacional para ser o bombo da festa. Jesualdo Ferreira repetiu o onze que apresentou frente ao Marítimo e o jogo até podia ter sido escrito de forma semelhante: aos quatro minutos, uma excelente iniciativa de Mariano desenhou a primeira grande oportunidade de golo, mas Lisandro rematou por cima. Logo a seguir, tornou-se evidente que o losango desenhado por Manuel Machado no meio-campo do Nacional levava vantagem sobre o triângulo constituído por um Tomás Costa ainda mais trapalhão do que é costume, por um Raul Meireles estranhamente ausente e por um Fernando enorme, mas mesmo assim pequeno para tantas encomendas. E foi o desequilíbrio no meio-campo que explicou o equilíbrio no jogo, dividido pelas duas equipas em partes mais ou menos iguais durante um primeiro tempo sem grandes emoções para contar.

O nulo ao intervalo não servia ao FC Porto, que tinha pressa de ser campeão e uma festa espontânea preparada até ao último pormenor para fazer. Jesualdo Ferreira mexeu onde se esperava. Tirou Tomás Costa e acrescentou Farías ao ataque e, mesmo que não se possa falar numa relação de causa e efeito, o facto é que o golo chegou logo a seguir, desenhado por Raul Meireles, Lisandro e Bruno Alves, três dos cinco tetracampeões do plantel. Gritou-se pelos "campeões" nas bancadas, mas o jogo não ficou resolvido aí. O Nacional encarregou-se de o prolongar até ao fim. Manuel Machado mexeu na equipa, trocando Rúben Micael por João Aurélio primeiro e Carlos Alberto por Fabiano logo a seguir. Pelo caminho, transformou o 4-4-2 inicial num 4-3-3 mais agressivo e capaz de explorar toda a largura do campo para atacar e encostar o FC Porto à sua baliza. Incapaz de explorar o contra-ataque, multiplicando os passes errados no meio-campo, a equipa de Jesualdo Ferreira foi resolvendo os problemas criados pelos madeirenses e complicados pelas lesões de Raul Meireles e Fucile. E foi por isso que logo a seguir ao apito final de Artur Soares Dias houve um sonoro, estridente e ruidoso suspiro de alívio: "Campeões". Agora sim.

domingo, 10 de maio de 2009

Objectividade Jornalística. Será?

A objectividade é um tema que gera bastante controvérsia na área do jornalismo. Talvez por isso, o jornal Expresso, no primeiro ponto do seu Código de Conduta, lhe atribua alguma importância. Reconhece que esta existe, embora não de forma absoluta, mas que isso não invalida a busca da verdade factual. Curiosamente, por outro lado, diz que temos consciência da subjectividade e que, por isso, necessitamos de procurar a objectividade.
Independentemente do que se possa dizer e das crenças que existam em torno deste “suposto” valor, presente na actividade jornalística, os mais atentos acreditam que estamos perante uma verdade dogmática, um bem necessário, mas impossível de alcançar. E porquê? Porque, efectivamente, existe todo um conjunto de constrangimentos a envolver a construção de uma notícia. Desde logo, as escolhas que o próprio jornalista faz a vários níveis, nomeadamente, em relação ao tema, às fontes a que recorre, ao enquadramento que vai dar a um determinado assunto ou, no caso de se tratar de um fotojornalista, à preferência por um determinado ângulo ou aquilo que mais deseja focar. Também não podemos esquecer que existe uma organização para a qual o jornalista trabalha, assim como uma política editorial, que serão, certamente, aspectos a ponderar quando nos referimos ao seu trabalho. Tudo isto, complementado com um ambiente exterior, aliado ao próprio desenvolvimento da realidade, contribui para uma subjectividade difícil de reconhecer. Realmente, concordo com a ideia defendida no primeiro ponto deste Código de Conduta, quando nos diz que o reconhecimento desta subjectividade leva à procura da objectividade, mas reconheço que é algo impossível de atingir.
Por tudo isto, e depois de muitas objectividades e subjectividades, acho estranho que, no segundo parágrafo deste primeiro ponto se diga: “A pluralidade das fontes, o trabalho em equipa e a investigação cuidada e sem preconceitos contribuem para a prossecução da objectividade jornalística”. Mas, afinal, não serão estas algumas das causas da subjectividade ou, antes, da dificuldade em procurar a objectividade? Parece-me que, em vez de se proclamar esta última como um valor fundamental no jornalismo, seria, talvez, mais interessante admitir que tal não existe e que estamos perante um verdadeiro dogma.
O jornalista não é, nem deve considerar-se, um herói que no momento da construção da notícia tira a máscara e se despe de todos os constrangimentos aliados à sua produção. Contudo, é para combater este género de tendências que um jornalista recebe formação.Para tentar ser o mais objectivo possível. Se assim não fosse, seria mera gente, com jeito para a escrita.

Até breve*

quarta-feira, 6 de maio de 2009

IV Torneio de Ténis Paredes - Rota dos Móveis


Com o crescente número de praticantes de Ténis em Portugal, venho aqui publicitar um torneio que se vai realizar a partir do dia 16 de Maio em 2009 na cidade de Paredes, torneio esse aberto a quem quiser participar (singulares masculinos e femininos) e de todas as idades.

Podes-te inscrever na Piscina Municipal de Paredes e por telefone para o número 255 785 691 e para o telemóvel 967 940 637.

Eu já me inscrevi. E tu? De quê que estás à espera!?

Crónica de Miguel Sousa Tavares (05-05-2009)

NORTADA

Por Miguel Sousa Tavares

FIM DE CONVERSA

1 E pronto, acabaram-se as conversas e as discussões. Este campeonato já está resolvido. Como sempre ou quase sempre, o azeite veio à tona e, lá no fundo, ficaram as águas sulfurosas das eternas discussões sobre árbitros e apitos e jogadas suspeitas — esse folclore de inveja com que todos os anos os incompetentes tentam justificar a sua incompetência e deitar fumo para os olhos dos que não querem mesmo ver.

O campeonato de 2008/09 está resolvido e está resolvido como vem sendo hábito: o FC Porto em primeiro, destacado e apesar de acumular a liderança clara com uma infinitamente melhor e mais desgastante campanha europeia; o Sporting em segundo, no seu certinho papel de Calimero, sempre chorando-se com os árbitros, mas praticando um futebol tão curto (Liedson à parte) que o semi-vazio das bancadas de Alvalade canta «eu sei porque fiquei em casa»; e o Benfica, o eterno e auto-proclamado campeão da «verdade desportiva» e da excelência de gestão, o clube que, a fazer fé nos jornais, todos os jogadores do mundo ambicionam representar um dia, a perder mais um «campeonato da segunda circular» e a olhar para trás, apreensivo, para ver se não perde mesmo o último lugar do pódio. Vira o disco e toca o mesmo. Eu próprio já começo a achar monótono.

Mas o que se há-de fazer por quem faz tão pouco por si próprio? Mesmo sabendo o líder cansado, exausto de competição ao mais alto nível e desfalcado de dois jogadores de tremenda influência na equipa, os seus rivais — jogando antes e com a possibilidade de o colocar sob pressão, entregaram o ouro ao bandido, antes mesmo de ouvirem as palavras «isto é um assalto ao título!». O Sporting, jogando para o título e para a Champions, foi a Coimbra (onde mora uma equipa muito organizada mas com um poder ofensivo nulo) e, em lugar de se atirar desde o início para cima deles em busca de um só golo que seria suficiente, jogou em soberbo pousio durante noventa insuportáveis minutos. Ainda gostava que alguém me explicasse como é que haverá tantos clubes de fora interessados num Miguel Veloso ou algum disponível para dar 22 milhões pelo João Moutinho! É uma atitude louvável, e até de sobrevivência, ter uma Academia para formar jovens jogadores e integrá-los na equipa principal. Mas isso não quer dizer que tudo o que sai de lá é um Cristiano Ronaldo em potência e que lhe basta fazer meia dúzia ou nem tanto de bons jogos, para logo ter as portas da Europa abertas de par em par. Caramba, eles não verão as transmissões televisivas dos jogos em Espanha, em Inglaterra, em Itália? Aquele Sporting de Coimbra, a quem, na hora decisiva, se exigia ambição e risco, talento e trabalho, foi o que se viu: um candidato ao segundo lugar nos anos bons.

E, depois de o Sporting ter deixado dois pontos em Coimbra, foi a vez de o Benfica entrar em campo — teoricamente ainda a perseguir o título, mas muito realisticamente a perseguir, sim, o segundo lugar de acesso à pré-eliminatória da Champions. Aqueles jogadores, pagos a peso de ouro, sabem com certeza a importância financeira que uma presença na Champions tem para o clube e para as suas próprias carreiras. Sabiam que tinham uma oportunidade de ouro para ficarem encostados ao Sporting. Há menos de duas semanas, foi jogar ao mesmo estádio o modesto Paços de Ferreira, que, em caso de vitória, conseguiria a proeza de levar o clube à final da Taça: e, contra todos os vaticínios, eles conseguiram-no, porque se bateram por isso. Bem, eu não vi o jogo do Benfica com o Nacional, porque há tempos que desisti de ver os jogos do Benfica, por absoluta falta de interesse. Mas rezam todas as crónicas que foi mais um jogo de revoltar adeptos. Agora, os benfiquistas estão na fase dos «culpados» e, claro que Quique Flores é o suspeito mais à mão. Mas a verdade é que, por mais que se simpatize com ele, como é o meu caso, o «culpado» principal este ano só pode ser Rui Costa. Agora, que Vieira se afastou do que não percebia e deixou o futebol à gestão de Rui Costa, é este que deve responder: foi ele que escolheu Quique e que, com Quique, escolheu os jogadores, o tal plantel de luxo que iria ofuscar tudo à volta. Mas, pelo que tenho lido, parece que Rui Costa gasta mais tempo nos túneis a falar ou a reclamar com os árbitros do que a reclamar com os jogadores no Seixal.

E, estendida a passadeira vermelha pelos seus rivais, ao FC Porto bastou lançar mão da sua entranhada cultura de vitória para somar os três pontos contra o Marítimo e sentenciar de vez a coisa. Foi, claramente, um FC Porto esfarrapado e no limite das forças, desfalcado de Hulk e Lucho e que, quando cedo se viu sem Meireles, pareceu incapaz de segurar a vantagem conquistada logo a abrir, porque, como aqui escrevi desde o primeiro dia, Jesualdo Ferreira teve a desfaçatez de avançar para a época inteira apenas com dois médios de ataque — Lucho e Meireles — deitando fora Ibson, Luís Aguiar, Léo Lima, etc. Olhando para aquele meio campo com Guarín e Tomás Costa, chego a pensar que foi uma bênção não termos passado o Manchester United: é que assim, sempre mantivemos intacto um prestígio que, de outra forma, logo seria estilhaçado às mãos do Arsenal. No Funchal e a vencer, valeu que o Marítimo teve de vir para a frente e o FC Porto aproveitou, em momentos cirúrgicos, a sua sabida capacidade de ataque instantâneo contra equipas abertas. Assim matou o jogo e o campeonato. Daqui para frente, o objectivo único é arranjar três pontinhos onde der — de preferência já no próximo domingo e no Dragão — para poupar energias e recuperar algum jogador para o Jamor e a «dobradinha». E terá sido uma grande época!

2 O tipo que programou o Académica-Sporting para quase a mesma hora que o jogo do ano à escala planetária, devia ser fuzilado. Por dever de ofício, eu tive de dividir as atenções entre o concerto de música militar e a ópera de Milão, desesperando por não poder seguir integralmente cada suspiro desse fantástico Real Madrid-Barcelona. Dentro de dez anos ainda se falará em Espanha deste jogo, como durante muitos e muitos anos se falará, no mundo do futebol, desta fantástica equipa do Barcelona de Pepe Guardiola como uma das melhores de todos os tempos, em qualquer canto do mundo.

Quando, vai fazer três anos, antes do Mundial da Alemanha, A BOLA pediu aos seus colunistas que indicassem aquele que achavam que viria a emergir como o grande jogador desse Mundial, eu respondi Lionel Messi. Enganei-me, mas apenas por uma razão: porque o seleccionador argentino, Billardo, achou mais prudente deixar Messi no banco todo o Mundial, porque haverá sempre treinadores para acharem que os génios atrapalham as tácticas que eles tão genialmente conceberam. E este ano, quando, aqui também, se lançou uma espécie de campanha para que, em nome da Pátria, se declarasse, sem excepção, que o melhor jogador do mundo em 2008 tinha sido o Cristiano Ronaldo, eu respondi, quase a medo: «Pois, é um grande jogador sem dúvida, tem a imagem muito bem cuidada, as sobrancelhas muito bem depiladas, mas, quanto a ser o melhor do mundo, é uma chatice, mas há por aí um rapaz chamado Messi...»

Este sábado, em Chamartín, Lionel Messi, mais uma vez, mostrou àqueles que verdadeiramente gostam de futebol, independentemente de clubismos ou patriotismos idiotas, que o melhor jogador do mundo em 2006, 2007, 2008 e 2009, é ele e apenas ele. É certo que não ganhou ainda o respectivo troféu, mas daqui a vinte anos vos garanto que, quando se perguntar a alguém quem foram os cinco melhores jogadores do mundo de sempre, a resposta certa é: Pelé, Eusébio, Maradona, Cruyff e Messi. Vou ficar a torcer para que amanhã, em Stamford Bridge, esta espectacular equipa do Barcelona e o seu pequeno génio de Buenos Aires derrotem o futebol feio e deprimente do Chelsea. Para que haja alguma justiça, neste mundo onde há tão pouca.

in abola.pt

terça-feira, 5 de maio de 2009

A luz, o cheiro e o tempo são diferentes aqui

“Uma boa Páscoa para todos. Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”. Às quinze horas, a capela do Convento do Espinheiro, em Évora, enchia-se de gente vestida a rigor. Era Domingo de Páscoa e a missa em honra da Ressurreição de Cristo fazia-se acompanhar pelos cantares do Alentejo. Quase no fim, as palavras do sacerdote anunciavam um dia abençoado. Colado à capela, o Convento do Espinheiro comporta uma carga histórica vivida por entre as paredes brancas e pesadas, local de reza dos frades Jerónimos, refúgio de reis e encontros da corte. Agora, transformado em hotel de luxo, os serões são passados à lareira, entre provas de vinho e sessões de jazz.
A tarde está solarenga e, no caminho para o centro da cidade avistam-se sobreiros e cabras a pastar. Uma cegonha voa em redor do ninho e pousa para alimentar os filhotes. As casas são caiadas e estendem-se pelas ruas cobertas de gente que passeia e aprecia os locais de visita obrigatória que Évora, Património Mundial da Unesco, tem para mostrar.
Erguido pelas catorze colunas de granito que lhe restam, o Templo Romano da cidade, conhecido por Templo de Diana, é alvo da curiosidade de um grupo de turistas espanhóis que ouvem, atentamente, a guia que os acompanha. Um casal tenta tirar uma fotografia aos filhos com o monumento como fundo, mas parece tarefa impossível, não fosse uma das crianças estar, insistentemente, a pontapear uma parte do pódio (base) do templo. “Isto, em tempos festivos é muito concorrido. Vêm cá muitas famílias, mas depois os miúdos não respeitam nada e os pais não os sabem segurar”, refere o senhor Feliciano. A indignação nota-se na expressão do dono do quiosque “Jardim Diana”, que fica mesmo no centro da praça.
Mais à frente, junto à Torre de Évora, fica o Palácio dos Duques do Cadaval, mandado construir no século XIV pelo fidalgo Martim Afonso de Mello. Com valor histórico e arquitectónico, as suas salas de exposição recebem vários visitantes que se deslumbram com a colecção de pinturas, esculturas e armaria. Um casal de ingleses sobe por umas escadas estreitas e deformadas pelo peso do tempo. Entram na Sala da Torre, a divisão mais alta e fria da casa, e apreciam as cadeiras forradas a veludo vermelho, gastas e austeras, alinhadas sob um tapete de Arraiolos. Comentam que estão encantados com tudo o que já viram e recomendam as vistas sobre a cidade, que podem ser contempladas pela única janela da sala.
Um coche, estilo medieval, puxado por dois cavalos, convida a um passeio pelas ruas estreitas e cuidadas da cidade. “Dá para ver quase tudo. Em pouco mais de meia hora passámos pelas principais zonas de Évora”, diz Diogo, um jovem portuense, com ar satisfeito. Veio com a família passar uns dias ao Alentejo. Falam daquilo que já visitaram:” Fomos a tantos lugares. Aqui em Évora há muitas igrejas e nós estivemos em quase todas. Fomos à de São Francisco, à do Carmo, à da Misericórdia e à de Santo Antão. Mas a mais bonita é a Catedral”, conta Teresa, a matriarca.
Nas ruas que conduzem à Praça do Giraldo – a principal de Évora – as lojas são tradicionais e vendem artigos tipicamente alentejanos. Na loja da porta 47, a montra está cheia de produtos do tempo dos avós e bisavós, etiquetados com preços em euros. Aqui encontra-se de tudo, desde sabonetes Ach.Brito ao conhecido Olex, que se compra por menos de cinco euros.
O sol vai-se pondo e o frio de Abril nota-se pelo gemer das folhas das árvores. A Capela dos Ossos está fechada porque é Domingo de Páscoa e, à hora do jantar, as ruas estão sem gente. Mas é dia do tradicional borrego no forno, que se cozinha no “Fialho”, o restaurante mais premiado da zona. Numa sala cheia e em ambiente descontraído, um grupo de portugueses delicia-se com as batatinhas assadas que acompanham o bicho, e escolhe para sobremesa a encharcada de Mourão e o Torrão Real de Évora. Com piadas à mistura e um bom vinho do Porto, Pedro, o mais entusiasta diz: “O que é nacional é bom”. Pois claro.

Esta reportagem foi feita, tal como se percebe, no domingo de Páscoa, este ano. Apesar de já ter passado algum tenpo, achei interessante dar a conhecer as especificidades deste género jornalístico.
Por outro lado, dentro das várias coisas que um jornalista pode fazer, este trabalho é o que me atrai mais, porque não preciso de me restringir a uma secretária, para além de que é sempre bom visitar novos locais e depois contar tudo, como se fosse uma história.

Até breve*

segunda-feira, 4 de maio de 2009

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Brasil: técnico empurra jogador e dá soco ao árbitro (vídeo)

Pedro Santilli é um técnico brasileiro com alguma experiência. Foi adjunto de Emerson Leão, trabalhou em clubes como o Palmeiras e o Santos, e até na selecção brasileira, mas num momento de pressão acabou por perder a cabeça.

No jogo que acabaria por decretar a descida da sua equipa, o Comercial, à divisão A3 Paulista, o técnico teve dois gestos reprováveis. Primeiro empurrou um jogador da equipa adversária, o Catadunvende, que se preparava para marcar um lançamento, e logo de seguida deu um soco ao árbitro do encontro.

No final do jogo Pedro Santilli tentou falar com o árbitro, para desculpar-se pelo gesto, mas bateu com o nariz na porta do balneário da equipa de arbitragem, que não quis conversas.

Veja a atitude de Pedro Santilli:



Fonte: MaisFutebol