
Com este pressuposto passo a expressar aqui a minha profunda indignação face às manifestações de alegria que gente com cargos de responsabilidade neste país, mas cega pelo vírus da clubite, seja no mundo do futebol, seja no mundo dos jornais, manifesta, com maior ou menor evidência, com a punição que a UEFA decidiu aplicar ao FC Porto. Como portugueses, não prestam.
Declaro também a minha indignação pelo que me parece ser um óbvio critério discriminatório dos dirigentes da UEFA. Quando aconteceu o escândalo de corrupção do futebol italiano, em 2006, o AC Milan foi punido em Itália com perda de pontos mas disputou a Liga dos Campeões. Na altura, os senhores da UEFA arranjaram a desculpa de que não havia um regulamento que permitisse a expulsão do AC Milan, coisa que até parece anedota. Esse regulamento foi entretanto criado e agora o FC Porto, numa situação semelhante, é punido por acontecimentos ocorridos em 2004, antes ainda do escândalo italiano. Pensam os juristas da UEFA que esse regulamento novo pode ter um efeito retroactivo o que é bizarro. Mas o mais grave é que, na prática, essa bizarria aplica-se ao FC Porto mas não se aplica ao AC Milan. Isto, para o senso comum, significa que a UEFA teve dois pesos e duas medidas, que favoreceu os italianos e prejudicou os portugueses. Isto é dizer que a Justiça não é cega. Isto é, objectiva e factualmente, uma descarada injustiça.
Em todo este longo processo, que começou no chamado "Apito Dourado", os dirigentes dos clubes portaram-se mal, os árbitros portaram-se mal, os magistrados e investigadores da PJ portaram-se mal, os jornalistas portaram-se mal, os dirigentes da Liga e da Federação portaram-se mal, os órgãos de Justiça do futebol português portaram-se mal. Agora, a UEFA, portou-se mal. Está certo.
Fonte: 24 Horas
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