terça-feira, 15 de julho de 2008

PSD a perder terreno

Se as eleições legislativas fossem hoje, o PS venceria com maioria relativa. A sondagem realizada pela Universidade Católica para o JN, a RTP e a Antena 1 revela que o PSD de Manuela Ferreira Leite vale tanto como o de Menezes.

O primeiro estudo de opinião envolvendo a nova líder do PSD - cujo trabalho de campo teve lugar poucos dias após a sua primeira entrevista televisiva nessa qualidade, concedida à TVI - emite, com efeito, sinais de que Ferreira Leite não constitui uma mais-valia para o partido.



É legítimo admitir que, estando ainda "fresca" no cargo, falte à ex-ministra das Finanças tempo para marcar diferenças - quer face ao seu antecessor, quer em relação a Sócrates. Mas é um facto que não capitaliza o descontentamento popular, agravado pela desfavorável conjuntura económica. Daí que o PSD mantenha a percentagem de 32% obtida na sondagem de Fevereiro passado e perca mesmo terreno para o PS, que chega aos 40%.

A imagem do Governo continua em curva descendente e até a do primeiro-ministro está em queda (ler página seguinte). Ferreira Leite suplanta Sócrates na avaliação da actuação. Nove em cada dez eleitores consideram má ou muito má a situação económica e 75% reconhecem viver hoje com mais dificuldades. O que justifica, perante tão negro cenário, a boa performance eleitoral dos socialistas?

Talvez a explicação se encontre em algumas respostas. Quando questionados sobre se a situação da economia poderia ser melhor com outro Governo, 55% dos inquiridos para quem ela anda nas ruas da amargura sustentam que "não faria diferença". Será um sintoma de apatia do eleitorado, mas ajuda a explicar a percentagem obtida pelo PS. Tanto mais que só 36% dos inquiridos imputam responsabilidades ao Executivo e apenas 22% admitem que outro partido seria capaz de um melhor desempenho governativo.

Por outro lado, embora só 18% dos inquiridos acreditem que o partido vencedor em 2009 obterá maioria absoluta, consolida-se a convicção da vitória do PS, independentemente da opção de cada um: passou de 37 para 40%, enquanto a "crença" no PSD desceu, de 33 para 31%.

As intenções de voto expressas neste estudo de opinião não traduzem alterações substanciais, se comparadas com os resultados do anterior, realizado há menos de meio ano. Não se registam, sequer, mudanças nas posições relativas das cinco forças políticas.

O ponto percentual perdido pelo Bloco favorece, aparentemente, a CDU. À Direita, tudo na mesma. No curto consulado de Menezes, os social-democratas não roubavam um único voto ao CDS. Nesse plano, nada mudou com Ferreira Leite ao leme. O partido de Paulo Portas, que continua a ser o líder partidário com a pior nota na avaliação de desempenho, não descola dos 3%.

A imagem que os eleitores têm do Governo é cada vez pior. A degradação é de tal maneira profunda que nem o primeiro-ministro é poupado: quase seis em cada dez inquiridos caracterizam como mau ou muito mau o trabalho de coordenação política de José Sócrates.

Trata-se de um fenómeno que tem vindo a manifestar-se de forma cada vez mais aguda. Na sondagem da Universidade Católica realizada em Janeiro do ano passado, 37% dos inquiridos avaliavam como bom ou muito bom o desempenho governamental. A percentagem de "chumbos" foi crescendo e, hoje, restam 23% de "fiéis". Nada menos de 72% (eram 52% há ano e meio) caracterizam o comportamento do Executivo como "mau ou muito mau". Um sinal de descontentamento que Sócrates não poderá ignorar, até por ser - ou pelo menos parecer - contraditório com as intenções de voto no PS manifestadas neste estudo de opinião.

Perante um quadro de apreciação global tão desfavorável ao Governo, seria natural que a apreciação por áreas traduzisse idêntica tendência. Contudo, não é exactamente isso que acontece.

A percepção negativa dos sectores de Economia e Finanças agravou-se em relação a Fevereiro passado, mas regista-se uma ligeira melhoria nas políticas sociais, embora continue a ser a pior área. Justiça e Administração Interna, domínios especialmente sensíveis para os cidadãos, também melhoram um pouco, mas a percentagem de respostas positivas é muito baixa. Já Defesa e Negócios Estrangeiros sofrem um enorme rombo, sem que se percebam as razões da queda.

Finalmente, José Sócrates. Com 31% de "positivas", até pode considerar-se em melhor posição do que o Governo que dirige. Mas é inescapável o peso dos números: perdeu 6% de bons e muito bons desde Fevereiro. E "ganhou" mais apreciações negativas.

Ficha Técnica
Esta sondagem foi realizada pelo Centro de Sondagens e Estudos de Opinião da Universidade Católica (CESOP) para a Antena 1, a RTP e o Jornal de Notícias entre os dias 5 e 9 de Julho de 2008. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente em Portugal Continental. Foram seleccionadas aleatoriamente dezanove freguesias do país, tendo em conta a distribuição da população recenseada eleitoralmente por regiões e por freguesias com mais e menos de 3000 habitantes. A selecção aleatória das freguesias foi sistematicamente repetida até que os resultados eleitorais das eleições legislativas de 2005 nessas freguesias estivessem a menos de 1% dos resultados nacionais dos cinco maiores partidos, ponderado o número de inquéritos a realizar em cada freguesia. Os domicílios em cada freguesia foram seleccionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o mais recente aniversariante recenseado eleitoralmente na freguesia. Foram obtidos 1266 inquéritos, sendo que 58% dos inquiridos eram do sexo feminino. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população com 18 ou mais anos residente no Continente por sexo, escalões etários e qualificação académica, na base dos dados do Censos. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1266 inquiridos é de 2,8%, com um nível de confiança de 95%.

Fonte: Jorna de Notícias

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