quinta-feira, 21 de agosto de 2008

NÉLSON ÉVORA MEDALHA DE OURO NO TRIPLO SALTO


Vídeo da Vitória



Entrevista ao Campeão



É de ouro e é de Nelson Évora!

Sucedendo a nomes como os do britânico Jonathan Edwards (Sydney'2000) e do sueco Christian Olsson (Atenas'2004), o campeão olímpico do triplo salto é português!

Em mais de 100 anos de história da competição que Pierre de Coubertin levou a cabo em 1896, só por quatro vezes Portugal pôde festejar uma medalha de ouro: Carlos Lopes (Los Angeles'1984), Rosa Mota (Seul'1988) e Fernanda Ribeiro (Atlanta'1996). Nelson Évora entrou para a história dos feitos mais importantes do desporto nacional.

Nelson Évora - tal como Naide Gomes - são os ícones do novo figurino do atletismo português assente em atletas das disciplinas técnicas, oriundos das antigas colónias - neste caso Cabo Verde -, embora tenha feito toda a sua formação desportiva em Portugal.

Évora é campeão do olímpico e do mundo porque, aos cinco anos de idade, teve a felicidade de conhecer um homem chamado João Ganço, que vivia no andar abaixo do seu, e que o entusiasmou para fazer atletismo.

A qualidade do intenso trabalho que foi realizado pelo técnico nos vinte anos seguintes ficou bem patente no quarto salto, quando Évora, já em terceiro lugar, soube encontrar a confiança, a serenidade e, em simultâneo, o arrojo para fazer o salto da sua vida a 17,67 m.

Toda a força, velocidade, técnica e o poder mental foram transferidos para os pés de Évora que resultou naquele voo fenomenal que o levou a derrotar o britânico Philips Idowu por cinco centímetros. Parece pouco, mas não é.

O mais engraçado é que Évora dominou o concurso como quis.

Deu ideia que não, quando Idowu, que se autodenominou super-homem, provavelmente por pensar que para ganhar bastava ter mais músculo, cerrou os punhos no seu salto mais longo. Sereno, Évora sorriu, pediu palmas, correu, pulou e resolveu a contenda a seu favor.

No fundo, a disputa do título olímpico do triplo salto, teve dois protagonistas animados por forças diferentes: Idowu pensava que com o seu ar estranho, cabelo cor de fogo, piercings distribuídos pela face, intimidaria um Évora sóbrio, sereno e desprovido de tiques de malfeitor.

O bem ganhou ao mal...

"Quero continuar a ganhar títulos"

Discreto mas com a felicidade estampada no rosto. Um atleta sério. Um grande campeão. Um protagonista que o desporto português precisa e de quem pode tirar muitos dividendos. É este Nelson Évora, o mais jovem campeão olímpico português de sempre. Após ter realizado um concurso memorável, o saltador sentiu que era altura de se colocar ao lado de quem "saltou" com ele: "É bom poder dar esta alegria aos portugueses".

Positivo do primeiro ao último pensamento, Nelson quis terminar com a onda de desânimo que nasceu em Pequim: "É bom tirar esse drama que fizeram de toda a equipa. De estar a ser uma péssima prestação de todos e que vieram aqui passear."

Após o sucesso que o coloca como uma dos históricos do nosso desporto, Évora não quis deixar de comentar os comentários de alguns e mostrou a sua consternação: "Fiquei triste quando fizeram esse tipo de ataques à nossa equipa porque essas críticas muito duras, que vieram de fora, acabaram por abater a equipa". A resposta surgiu, da melhor maneira, pela suas pernas - "nós unimo-nos e esta medalha é um pouco o reflexo do que aconteceu nestes Jogos".

Para João Ganço tudo só foi possível porque o atleta que ele orienta desde criança é um caso fantástico em prova: "A mentalidade forte é o seu principal atributo. Preparámos este ciclo olímpico ao pormenor. Conseguimos, porque ele é um animal de competição."

O técnico, apesar de conhecer a forma positiva como Nelson enfrenta qualquer desafio, teve receios: "Duvidei um bocadinho porque estava a chover", com a certeza de que em condições normais "ia saltar 18 metros e ganhar".

Um título que este antigo saltador em altura de nível nacional também merece porque trabalhou muito bem durante muito tempo: "Foram 18 anos a lapidar um diamante. O Europeu é o próximo objectivo e é o mais fácil de todos. O seguinte é chegar aos 18 metros e depois um bocadinho mais. Não é preciso ir às entrelinhas para se descobrir que a referência é ao recorde do Mundo - 18,29 metros.

Nelson Évora libertou-se, ontem, do estado de choque em que ficou, quando viu a sua amiga Naide Gomes ser eliminada na qualificação do salto em comprimento. Estava a começar a entender que o seu sonho se realizara: "Ainda não posso acreditar que ganhei esta competição. Foi tudo tão rápido. Ainda não tive tempo para reflectir no que se passou."

Agora há uma galeria de heróis - Lopes, Rosa e Fernanda - que ganha mais um protagonista. O primeiro que não chegou ao ouro nas longas distâncias. O saltador mostra como se sente com uma pequena frase: "É um orgulho imenso".

Pequim foi o momento mais alto. Mas o Mundo não parou ontem e o nosso campeão continua com ambição: "Sou muito novo. Vou pensar nas marcas, mas quero continuar a ganhar títulos. Acho que o conseguirei fazer."

Fonte: www.ojogo.pt

PARABÉNS!! Uma grande vitória!!

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