segunda-feira, 30 de agosto de 2010

iPhone 4. O melhor smartphone do mundo, excepto se for para telefonar



Quando a Vodafone e a Optimus começarem a vender os primeiros iPhones 4 em Portugal, no próximo mês de Agosto, a probabilidade de o problema da antena estar resolvido é muito baixa. Apesar das inúmeras queixas de consumidores e dos testes feitos pela Consumer Reports e pelo Engadget, que comprovam um defeito na recepção da antena do iPhone 4, a Apple ainda não reconheceu que há um problema no telemóvel. A não ser que algo mude entretanto, o mais provável é que os modelos que estarão disponíveis em Portugal venham a ter exactamente o mesmo problema: perdem rede se forem agarrados com a mão esquerda. Portanto, um telemóvel que custará algumas centenas de euros será o melhor para quase tudo, menos para telefonar.

A questão está relacionada com a antena do iPhone 4, embutida nos lados do telemóvel. Um aparente defeito neste mix de hardware faz com que o sinal se perca quando o lado inferior esquerdo é pressionado com os dedos. Na segunda-feira, a conceituada revista "Consumer Reports" declarou que não podia recomendar o iPhone 4 devido a esta falha, embora o considerasse o "melhor smartphone do mercado". E o que respondeu a Apple? Absolutamente nada. Desde que o iPhone 4 foi lançado, a 24 de Junho, a única coisa que a empresa de Steve Jobs fez foi emitir um "esclarecimento", dizendo que os utilizadores devem agarrar no telemóvel com a mão direita ou de modo a não pressionar o local sensível.

Neste comunicado, mal recebido pelos analistas, a Apple também fez uma revelação espantosa: descobriu que os cálculos usados pelo software do telemóvel para determinar quantas barras de rede tem (a força do sinal) está errado. E deu a entender que talvez o problema seja esse: a chamada cai porque o utilizador está numa zona com pouca rede, mas é enganado pelos cálculos errados do telemóvel. A equipa da Apple comprometeu-se a lançar uma actualização de software "nas próximas semanas" para resolver esta questão, mas até agora nada aconteceu.

O que não tem parado de acontecer é a queda das acções da empresa e a cada vez maior preocupação por parte dos analistas. Alguns, como Toni Sacconaghi da Bernstein, consideram que a Apple será obrigada a mandar recolher todos os iPhones 4 que já foram vendidos e que tal tarefa poderá ter uma pesada factura de 1,5 mil milhões de dólares (1,1 mil milhões de euros). Outros, como Gene Munster da Piper Jaffray, acham que esta hipótese é pouco provável, visto que as recolhas só costumam acontecer quando um aparelho é defeituoso e perigoso. Ora, neste caso, basta que o utilizador pegue no iPhone 4 de outra forma. Ou então, pode dirigir-se a uma loja e pagar 30 dólares por uma banda de borracha para colocar à volta. Aliás, até um pouco de fita-cola resolverá o problema, pelo menos segundo os testes da "Consumer Reports".

No entanto, o problema é a imagem da Apple. Paul McWilliams, analista da Next Inning Research, explica na "Forbes" que é mais grave a Apple estar a tentar esconder o defeito do iPhone do que o próprio defeito em si - já que construiu o seu império na última década com base na fidelidade dos clientes. O analista Gene Munster calcula que apenas 25% dos iPhones 4 tenham este problema de forma permanente, mas se a Apple resolver dar as bandas de borracha de graça a quase todos os clientes terá de desembolsar algo como 178,5 milhões de dólares. O pormenor? A Apple já deu a entender que não vai dar coisa nenhuma, a não ser mais conselhos sobre como agarrar no telemóvel. 

Fonte: Jornal I

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