segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Roger Federer ri por último no ano da graça de Rafael Nadal



Em Agosto, quando a época ainda estava longe do fim, a ATP convidou Rafael Nadal e Roger Federer - entre outras figuras do ténis masculino - a fazer um auto-retrato. O desafio prometia ser mais difícil do que um encontro em pleno court, mas o método escolhido não foi o mais tradicional. Em vez de um lápis ou uma caneta, cada tenista tinha de usar a raquete para atirar uma bola - cheia de tinta - contra a parede. Nessa parede estava afixado um desenho, só com os contornos, pronto a colorir.

As obras de arte tinham um objectivo: seriam leiloadas durante esta semana, no ATP World Tour Finals, com o dinheiro a reverter para causas solidárias. Ora, a cimeira dos oito melhores tenistas permitiu também perceber que há quem esteja em patamares inalcançáveis. Basta ver os números: os quadros de Tomas Berdych e David Ferrer custaram pouco mais de 2200 euros; Robin Soderling rendeu 3829 euros; e a pintura Andy Murray foi leiloada por 5483 euros. Os quadros de Andy Roddick (5334 euros) e Novak Djokovic (6763 euros) ainda podem ser licitados até ao meio-dia de hoje, mas só dificilmente atingirão valores muito superiores. E é assim que chegamos a Nadal e Federer. Até ao fecho desta edição, os quadros dos dois rivais já iam nos 19 600 euros. A diferença de valores para o resto da concorrência explica muito daquilo que é o ténis masculino hoje em dia.

Foi sem surpresa que Rafa Nadal e Roger Federer conquistaram um lugar na final da (outrora conhecida por) Masters Cup. Um a um, foram deixando pelo caminho os adversários que apareceram. O espanhol sofreu para derrotar Andy Roddick e Andy Murray (que forçaram um terceiro set), enquanto o suíço seguiu tranquilo até ao encontro decisivo. O percurso explicava também um pouco do que era a história da dupla de finalistas no torneio: Nadal nunca chegara tão longe; Federer ia à procura (da sexta final e) do quinto título.

A O2 Arena, em Londres, encheu para assistir a mais um pedaço da história de uma rivalidade que ia conhecer o seu 22.º capítulo. Em 2008, não muito longe dali (em Wimbledon), tinham disputado aquele que é considerado por muitos o melhor encontro de ténis de sempre. O público até poderia desejar um embate dessa dimensão, mas a realidade viria a ser outra, a começar pelo vencedor final. Nesse duelo de titãs, Nadal venceu pela primeira vez na carreira o Grand Slam da relva. Ontem o tenista de Maiorca esbarrou na consistência de Federer, que se juntou a Ivan Lendl e Pete Sampras no primeiro lugar da tabela de vencedores da prova (com cinco triunfos).

O encontro começou equilibrado, com Nadal e Federer a segurar sem problemas os respectivos jogos de serviço. Seria o suíço, já com 4-3 a seu favor, a ter a primeira oportunidade de quebrar o serviço do rival. E aproveitou-a sem hesitar. Federer viajou em velocidade de cruzeiro até ao final do set e fechou logo a seguir com um 6-3. A resposta de Nadal não tardou e foi servida no mesmo prato. Com 2-1 no marcador, Rafa roubou o jogo de serviço a Roger. E também não permitiu qualquer espécie de recuperação.

Chegou o terceiro set e com ele a certeza de que a final cairia para o lado do tenista que melhor aguentasse a pressão do último parcial. Federer voltou a elevar o nível do seu jogo, para arrumar o assunto com um 6-1. Este foi o ano de Nadal - que ganhou três dos quatro Grand Slams de 2010 - mas coube ao suíço fechar a época a festejar.



Fonte: Jornal I

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