terça-feira, 13 de abril de 2010

Algumas reflexões…

Grande parte da comunicação social portuguesa (há sempre bons e raros exemplos!) constitui um fenómeno que muito bem poderia ser a base de um trabalho de investigação científica que teria como título: “Mandar a isenção (um dos principios fundamentais do jornalismo) às urtigas!”.

O alarido feito à volta da arbitragem do Braga vs Guimarães da passada jornada é bem contrastante com os pouquíssimos elogios feitos à excelente prestação do Braga neste campeonato nacional. Se calhar o facto do Braga ainda lutar com o pré-anunciado campeão nacional ajuda à triste campanha de desvalorização e retirada de mérito de tudo o que de bom o Braga tem feito este ano. Parece que a comunicação social só se lembrou do Braga aquando da arbitragem do derby do Minho, porque o mérito dos bracarenses em ainda lutarem pelo título de campeão nacional, este tem sido muito pouco.

O problema é que o Braga adquiriu humildemente jogadores como Miguel Garcia e tem um orçamento de 8M€ e o seu adversário adquiriu grandes estrelas mundiais e tem um orçamento de várias dezenas de milhões de €. Se calhar o grande problema é que o Braga ainda luta pelo título, pelo que é o único pormenor que está a falhar no guião predefinido que a época 09-10 há muito parece ter: Campeão predefinido a bem da produtividade do país e do bem-estar do Zé-povinho, tão frustrado com as muitas agruras do seu clube nas ultimas décadas. O Braga é mesmo a última espinha na garganta de muita gente.

Igualmente ridículo e triste foi ver a forma desesperante e deprimente como a comunicação social tratou da última jornada europeia do futebol português. Se uma derrota por 5 golos em Londres frente a um Arsenal que luta pelo título e numa competição tão difícil como a Liga dos Campeões (a 1ª divisão europeia!) é considerada uma “humilhação” e “vergonha nacional”, alvo do falatório nacional durante muitas semanas, sempre pensei que fosse dado o mesmo relevo àquilo que aconteceu na ultima 5ª feira europeia.

Então não é que o melhor Benfica dos últimos 20 anos (não é o que todos dizem?) foi goleado pelo pior Liverpool dos últimos 15 anos numa competição que constitui a 2ª divisão europeia, e o que disseram os jornais? Pois, foi uma “lição para o futuro”, um simples “traumatismo” ou apenas uma “noite menos boa”. Esta constante intoxicação da comunicação social é frequente e cada vez mais uma realidade. O pior é que muita gente cai no “engodo”...

Ao ver o jogo do Leiria vs Braga, dei por mim a pensar: Mas este Alan, o grande motor ofensivo de um Braga que caminha a passos largos para um lugar na pré-eliminatória da Liga dos Campeões, e que tem feito uma excelente época será pior jogador que por exemplo o Mariano Gonzalez? De seguida, pensei noutros dois nomes; Vieirinha e Paulo Machado. Logo questionei o seguinte, será que estes dois jogadores, formados no FC Porto, fariam pior figura que um Valeri, um Guarin, um Prediger ou um Beluschi? Por fim, pensei: mas que aproveitamento será dado à excelente época que Castro e Ukra têm feito no Olhanense? Para o ano terão as mesmas oportunidades no onze inicial que a maioria dos estrangeiros que todos os anos contratamos aos “caixotes”?

Estas minhas últimas questões estão intimamente ligadas com uma situação que mais cedo ou mais tarde terá de ser resolvida. A escolha do treinador das próximas épocas. Jesualdo já fez o seu bom percurso e devemos-lhe muito, mas penso ser a altura de dar lugar a sangue novo, a novas ideias e sobretudo ao corte de algumas práticas que não têm sido boas do ponto de vista da escolha dos jogadores. A aposta terá de ser em alguém arrojado, sem medos e, MUITO IMPORTANTE, que não olhe a nomes, nem a nacionalidades na escolha do onze inicial. No fundo, uma escolha de ruptura com o que de mau tem sido feito, e de continuidade com a hegemonia que o FC Porto detém nas últimas décadas. Tem a palavra quem decide...

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