quinta-feira, 1 de abril de 2010

Este Mini nem precisava de ser giro


"Ter Mini é giro." Era o que eu achava até pegar no Camden S. Que os Mini eram um exagero de moda, demasiados caros, demasiado pequenos, demasiado artísticos. Em boa verdade, são. O Camden S - a versão mais vitaminada da gama - é apertado para quatro, pequeno até para duas malas e caro para tão pouco carro (34 883 euros com todos os extras). Nem os pormenores - as faixas na pintura, os faróis biredireccionais, o sistema Harman Kardon desmentem o óbvio: o Mini sabe a BMW Série 3 mas aperta como um Citroën C3.

O maior erro desta geração Mini foi deixar-se definir pelo apuro estético e pela beleza das linhas. Porquê? Porque nesse estereótipo não cabe o Camden S, que é apaixonante sem precisar de mostrar nada. Durante os dias em que andei na rotação Lisboa-Porto (com lombas em Matosinhos e Leça da Palmeira), só rezei para que a gasolina não acabasse e a polícia não me apanhasse. O Camden gasta como um desalmado (11,5 litros aos 100) e anda como um louco (184 cavalos para 1,2 toneladas de peso). Para se ter ideia do salto quântico - e das rezas -, esta versão está para um Mini normal como um GTI está para o Golf: é um Kinder Surpresa de seis velocidades, hipervitaminado (até tem overboost!) e domado (felizmente) pelo controlo de tracção.

O Cam (afeiçoei-me, confesso) parece um kart - colado ao chão, dinamicamente perfeito, sempre nervoso. Em auto-estrada, o único senão é o ruído - há barulho a mais acima dos 100 km/h - e ao fim de duas horas e meia não há sistema de som que aguente. As passagens da caixa são perfeitas - nem demasiado curtas, nem demasiado longas - e em sete segundos o Cam já está nos 100 km/h.

Felizmente, este Kinder só tem surpresas positivas e qualquer excesso de condução segue com um ajustamento no controlo de tracção e um aviso: "oahhh, hold your horses" da missão de controlo, as vozes com sotaque britânico que vão acompanhando o condutor e alertando, de tempos a tempos, para os excessos. Em boa verdade, são elas que melhor resumem este carro: "One car, one driver, one mission." O Camden S é narcisismo puro, um brinquedo de criança atestado com 184 cavalos. Não é carro de família nem uma berlina para o fim--de-semana. Se por 34 mil euros não sonhar com isso, o resto é óptimo.

Fonte: Jornal I

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