terça-feira, 13 de julho de 2010

Onde é que fica a primeira cidade sustentável? Em Paredes



Porque é que a Cisco escolheu Paredes para instalar um centro de inovação para sensores em rede? A resposta tem-na o secretário de Estado da Inovação, Carlos Zorrinho. "Uma empresa como esta não se fixa por razões emocionais", disse na apresentação do PlanIT Valley, a primeira cidade sustentável, inteligente e interligada, que tem a Cisco como parceiro. 

"A partir daqui, uma ou duas vezes por mês iremos anunciar novos parceiros", explicava Steve Lewis, co-fundador do PlanIT Valley. "Já oiço os motores da McLaren a aquecer", brincou Zorrinho. Para já os promotores nada adiantam, se bem que se fala na Siemens, na Microsoft e na IBM, entre outras. 

Ontem, em Paredes, pela primeira vez em 18 meses (período de tempo em que trabalharam a partir de um hotel), a equipa do PlanIT Valley, liderada pelo inglês Steve Lewis e pelo empresário português Miguel Rodrigues (responsável pelo primeiro automóvel desportivo português, o Vinci GT) deu-se a conhecer.

Carlos Zorrinho assistiu à assinatura de uma carta de intenções entre a Living PlanIT (holding, com sede na Suíça, detentora do projecto) e a multinacional norte-americana Cisco Systems. 

Por sua vez, o vice-presidente da Cisco, Thierry Martens, adiantou que a multinacional prevê desenvolver milhões de sensores para esta cidade inteligente, um projecto único no mundo. É aquilo a que chama de "smart connected communities". "O que teremos é a próxima geração da internet, que é a internet das coisas e teremos tudo interconectado", afirmou.

Thierry Martens disse que o intuito é exportar o modelo de cidade sustentável que irá nascer em Paredes. Nesta cidade haverá informação em rede e toda a comunidade estará ligada em tempo real. E deu um exemplo: "Poderemos ter um médico por telepresença e isso também é melhorar a qualidade de vida das pessoas."

De besta a bestial Quando se começou a ouvir falar do PlanIT Valley poucos acreditaram no projecto. Como reconheceu ontem Steve Lewis, era uma "big scary ideia" (uma ideia assustadoramente grande).

Mas o PlanIT Valley, a cidade auto-sustentável que vai nascer em Paredes e que é um projecto de interesse nacional (PIN), convenceu o governo e ainda ontem Lewis não se cansou de elogiar Basílio Horta, da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).

Até à data, o investimento ronda os 14 milhões de euros e ninguém tem salário. Os executivos que trabalham nas várias unidades de negócio (PlanIT Urban Technologies, PlanIT Mobile, PlanIT Innovation, PlanITProductions e PlanIT Invest, entre outras) também investiram no projecto, o que se traduz em acções. "Nenhum de nós tem salário, temos acções. Todo o dinheiro conseguido vai para o projecto. É uma equipa que quer fazer a diferença", revelava Lewis. O mesmo apontou que "não há outro exemplo como este no mundo". 

O que está em causa é uma cidade tecnológica auto-sustentável, onde poderão vir a ser criados cerca de 20 mil empregos qualificados. E está a tornar-se um caso de estudo em Harvard porque o professor Robert Eccles considera o PlanIT Valley "o melhor modelo de negócio para uma cidade inteligente desenvolvido até hoje e com maior probabilidade de sucesso". Robert Eccles é director não executivo da Living PlanIT (holding ou sociedade gestora do projecto PlanIT Valley).

E em resposta à pergunta de praxe - Porquê Portugal? -, é rápido a dizer que "é um país que reúne uma combinação de factores interessantes: localização geográfica perfeita para quem trabalha com parceiros na Europa, América do Norte e Ásia; ensino de qualidade; engenheiros bons e mais baratos do que os norte-americanos; e pessoas colaborantes".

Quanto a números, apontam para 12 mil empresas, 20 mil empregos, um investimento até 2015 de 10 mil milhões de euros e um modelo de negócio integrado que pode vir a significar 5% do PIB. 

Steve Lewis garantiu que o PlanIT Valley começará a nascer fisicamente este ano e que no projecto não entra dinheiro do governo português. E que espera continuar a trabalhar em Paredes nos próximos 30 anos para algures por aí ter a felicidade de ouvir alguém dizer: "Cresci no PlanIT Valley e foi óptimo."

Fonte: Jornal I

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