quinta-feira, 13 de maio de 2010

Estado deu “cobertura inusitada” a visita “inoportuna” do Papa

Carlos Esperança falava à agência Lusa, esta tarde em Coimbra, à margem de um colóquio, uma espécie de “13 de Maio alternativo” promovido pela AAP, subordinado ao tema “Ateísmo, laicidade e clericalismo em Portugal”. “O Estado laico deu uma cobertura inusitada” à visita de Bento XVI, que, “inclusive, esta noite dormiu com guarda de honra de militares da GNR em farda de gala”, reforçou, lamentando que seja tratado como “um chefe de Estado, quando ele está em peregrinação num local de romagem para crentes”.

Em Portugal, “organizou-se o mais colossal banho de multidão possível, para branquear a atitude do Papa nas fortes suspeitas de encobrimento dos crimes de pedofilia da igreja católica”, acusa Carlos Esperança. Está-se, portanto, sublinha, perante “uma forma de branquear a tentativa de regresso ao Concílio de Trento, de que este Papa é arauto”.

Este ateu considerou ainda a “tolerância de ponto inaceitável”, tanto numa perspectiva ética como “sob o ponto de vista da laicidade a que o Estado está obrigado, de acordo com a Constituição da República Portuguesa”.

Carlos Esperança também se insurgiu contra “as manifestações de subserviência, que vão desde o beija-mão de altas figuras à própria família do Presidente da República”. “É contra esta perda de ética republicana que a Associação Ateísta se insurge e leva a efeito sessões de esclarecimento”, uma das quais decorre esta tarde, em Coimbra, nas instalações da Fundação Inatel, em que, além de Carlos Esperança, são oradores Onofre Varela, também dirigente da APA, e Ricardo Alves, presidente da Associação República e Laicidade.

No fundo, acrescenta o presidente da APA, também está em causa a “luta contra o obscurantismo, porque o ateísmo afirma-se a si próprio, é, no fim de contas, a filosofia a que aderem as pessoas que vivem perfeitamente sem Deus”.

Os ateístas “não têm necessidade de um ser extraterrestre para organizarem as suas concepções éticas, para viverem a sua vida, respeitando-a e respeitando a vida dos outros, sem medos do inferno, nem angústias do paraíso”.

Fonte: Jornal Público

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