segunda-feira, 10 de maio de 2010

Frederico Gil fez esquecer ausência de Federer na final

Os portugueses sofreram a bom sofrer durante 02.33 horas, o tempo que durou a mais equilibrada final das 21 edições do Estoril Open. Frederico Gil surpreendeu os mais de 6000 espectadores presentes no court principal com uma exibição que, por momentos, o fez sonhar com a primeira vitória de um português num torneio ATP. Não seria, todavia, o líder mundial, Roger Federer, a grande aposta da organização e de todos os que esgotaram os bilhetes para ver o suíço fazer a festa no Jamor, mas sim o seu "carrasco" nas meias-finais, o discreto mas a-guerrido Albert Montañes, a revalidar o título de campeão no Estoril Open, e a travar o sonho de Frederico Gil se tornar no primeiro português a vencer o maior torneio luso.

A presença de Frederico Gil na final era já reconhecida por todos como o melhor resultado de um português. O próprio tenista, na véspera, ainda não tinha bem a noção de onde tinha conseguido chegar - e logo perante o público português. "Quero desfrutar este sonho", dizia. Por isso, a derrota no primeiro set, por 6-2, não surpreendeu ninguém e inclusive provocou um ambiente de alguma descrença no recinto, ainda com a zona dos camarotes praticamente vazia. Todavia, o pupilo de João Cunha e Silva, revelando uma maturidade e capacidade de recuperação surpreendentes, conseguiu na parte final do segundo set virar um 5-3 para um 5-5 e relançou o set para vencer por um difícil 6-7 (4-7). Sempre muito apoiado pelo público, que acabou por quase lotar o court central, Gil venceu no jogo de desempate por 7-4, forçando o terceiro set, o que parecia pouco provável depois do que sucedeu no primeiro. Albert Montañes, de 29 anos, que se tornou no segundo tenista a vencer duas edições consecutivas do Estoril Open - depois do austríaco Thomas Muster (1995 e 1996) - teve de aplicar o seu melhor ténis para bater o português por um 7-5. O catalão, 34.º da hierarquia mundial, foi pressionado no terceiro parcial pelo sintrense, que chegou a estar a vencer por 3-0 - colocando a assistência praticamente à beira de um ataque de nervos. Montañes conseguiu, no entanto, chegar ao 4-4, depois de Gil perder o seu jogo de serviço e não mais desperdiçou a vantagem. No jogo decisivo (6-5), o espanhol dispôs de dois match point no serviço do português, que salvou o primeiro, mas no segundo atirou a bola à rede.

"Eu acreditei sempre até ao fim e foi pena não ter conseguido manter um nível alto no terceiro set. No início estava nervoso, sentia alguma ansiedade, mas graças a uma atitude espectacular consegui manter-me no encontro", assumiu o português.

Para Cunha e Silva, o seu pupilo "tem mérito" e sai do Jamor "mais forte, isso já ninguém lhe tira. Agora, vai trabalhar para conseguir fazer melhor". Quanto ao futuro: "Mais do que termos medo do futuro, temos é de enfrentá-lo com coragem para que a ambição possa suplantar todos os receios."

Foi o próprio Montañes, que conquistou o quarto título da sua carreira - depois de ter vencido em Bucareste, em Amersfoort (Holanda) e no Estoril, em 2009 -, a fazer rasgados elogios a Gil: "O Frederico tem nível para estar lá em cima. É muito sólido, bate bem a esquerda e a direita, sobe bem à rede... Agora tem de ser regular e lutar muito para se manter a este nível."

Este foi o segundo encontro entre Montañes e Gil, que já se tinham defrontado no torneio de Casablanca, em 2009, com a vitória a pertencer ao espanhol.

Fonte: DN

Sem comentários:

Enviar um comentário