quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sony serve um cocktail de inovações contra a Apple


Steve Jobs acertou num nervo sensível da Sony quando disse, no final de Janeiro, que a Apple é hoje "a maior empresa de equipamentos móveis do mundo". O CEO da fabricante norte-americana referia-se aos lucros recorde com os portáteis Mac, leitores digitais iPod e telemóveis iPhone.

E tinha razão, Steve Jobs. Em pouco menos de dez anos, a Apple atirou a antiga rainha japonesa da electrónica de consumo para o canto das gigantes a ganhar mofo no campo da inovação. Empresas coreanas, como a LG Electronics, estão a ganhar-lhe terreno. A conterrânea Nintendo estragou os planos da PlayStation 3 e os telemóveis Sony Ericsson perdem quota de trimestre para trimestre. A Sony está verdadeiramente chateada. E agora, quer o ceptro de volta.

Contra-Ataque
O plano da Sony é desenvolver uma nova categoria de produtos móveis. Segundo fontes citadas pelo "Wall Street Journal", a empresa liderada por Howard Stringer tem no forno um supertelemóvel que também vai ter PlayStation, uma espécie de híbrido entre uma PlayStation portátil e a gama de smartphones que a sua participada Sony Ericsson já produz. Embora a Sony esteja a trabalhar com a sueca Ericsson neste supertelemóvel, desta vez decidiu tomar um papel mais activo na concepção do modelo. É que as vendas da Sony Ericsson estão cada vez piores (caíram 41% em 2009) e os japoneses querem que este telemóvel seja um sucesso comparável ao iPhone.

O plano prossegue com um outro produto-mistério, que será um cruzamento entre os miniportáteis e os leitores de livros electrónicos (e-book readers). A Sony foi uma das pioneiras no lançamento destes aparelhos, há seis anos, mas não conseguiu desbravar o mercado. Foi preciso que a Amazon lançasse o Kindle, em 2007, para que os e-readers ganhassem visibilidade. No entanto, o alvo da Sony com o novo produto não é este: trata-se de um ataque ao iPad, que a Apple lançará nos Estados Unidos a 3 de Abril, conforme informações reveladas ontem. Também este aparelho terá acesso aos videojogos da PlayStation. Ambos serão lançados em 2010, mas ainda não se sabe exactamente quando.

Anti-iTunes
Está na hora de reclamar a herança dos leitores portáteis de música. A Sony inventou o conceito com o velhinho Walkman, mas deixou-se ultrapassar na era digital. As tentativas têm falhado porque os produtos não são bons, quando comparados com o iPod e a correspondente loja iTunes. Quem já experimentou o SonicStage da Sony percebe porque não tem sucesso: falta-lhe a rapidez e a polidez do iTunes, bem como coisas básicas (por exemplo, não se consegue escolher músicas pelo nome, só por artista ou álbum!).

Por isso, Howard Stringer está a ultimar uma nova plataforma online, provisoriamente chamada Sony Online Service. Esta loja multimédia vai oferecer música, filmes e programas de televisão, muitos deles já disponíveis no iTunes. Mas a grande novidade vai ser o extenso catálogo de jogos, principalmente os mais antigos, que a PlayStation original (1995) celebrizou.

"Esta é a visão, mas ainda não é claro que passos específicos a Sony vai tomar para chegar lá, em especial quando o iPad e outros aparelhos móveis avançados estão a inundar o mercado", disse ao "Wall Street Journal" Nobuo Kurahashi, analista de electrónica de consumo na corretora Mizuho Investors Securities. A concretização estará a cargo do vice-presidente sénior Kunimasa Suzuki, que foi promovido no ano passado como parte do plano de reestruturação. A Sony quer voltar aos lucros. Mas, acima de tudo, a empresa que inventou o Video8 e as televisões Trinitron quer voltar a ser vista como a mais inovadora do mundo.

Fonte: Jornal I

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