terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

(Des)acordo ortográfico!!


Escritores consideram dispensável a ratificação do Acordo Ortográfico da língua portuguesa. Eduardo Lourenço diz que não vai mudar para uma «ortografia comum» e Maria Lúcia Lepecki vai mais longe: «É um desperdício de energias e de dinheiro». Ministro da Cultura quer ratificação para breve.

O ensaísta, professor universitário e filósofo Eduardo Lourenço considera dispensável o Acordo Ortográfico da língua portuguesa cuja ratificação está pendente desde 1994 e vai continuar a escrever como aprendeu, mesmo que este entre em vigor, informa a agência Lusa.

«Eu acho que se podia dispensar este acordo. Escrevo em português e penso que os portugueses vão continuar a escrever - sobretudo os da minha geração - no código em que foram ensinados. Na minha idade (84 anos), não vou agora mudar para uma ortografia - digamos comum», disse Eduardo Lourenço à margem da 9ª edição do encontro de escritores de expressão ibérica Correntes d´Escritas, que hoje termina na Póvoa de Varzim.

Já o novo ministro da Cultura tem uma posição ligeiramente diferente. Ao contrário de Isabel Pires de Lima, que anunciou uma moratória de dez anos para aplicação do acordo, José António Pinto Ribeiro confessou que tem uma opinião diferente.

À margem da visita à ARCO, a Feira de Arte Contemporânea de Madrid, o responsável pela pasta da Cultura disse esperar «que haja condições para que muito proximamente seja ratificado também por Portugal o acordo ortográfico, em coordenação com o mundo editorial, com os livros escolares e com todos os interessados», noticia a Rádio Renascença.

O ministro lembrou que o acordo está em vigor, mas escusou-se a dizer que Portugal está em incumprimento: «É uma questão que passa pela coordenação de vários Ministérios, mas aquilo que posso dizer é que em termos do ponto de vista da política internacional e do direito internacional, o acordo está ratificado já por três países e nos termos do próprio acordo, a partir desse momento ele entrou em vigor. Mas acho que estamos aqui na ARCO e aquilo que devemos celebrar é esta forma extraordinária de expressão da cultura portuguesa que são as artes plásticas».

Desavenças constantes

A ensaísta e professora universitária de literatura portuguesa Maria Lúcia Lepecki defendeu que o Acordo é desnecessário e um desperdício de recursos: «Eu sempre achei que o acordo ortográfico não é preciso: um brasileiro lê perfeitamente a ortografia portuguesa e um português lê perfeitamente a ortografia brasileira. Olha a ortografia, sabe que palavra é que é, pronuncia correctamente».

«Acho que é um desperdício de energias, um desperdício de dinheiro, e penso que se devia gastar o pensamento e as forças em outra coisa qualquer», sustentou Maria Lúcia Lepecki. «Quando houve aqui uma grande polémica sobre esse assunto, há cerca de 20 anos, eu nunca me pronunciei. Na altura, era presidente da Associação de Professores de Português e havia quem se pronunciasse por mim, veiculando a posição da associação», explicou.

A escritora moçambicana Paulina Chiziane também manifestou dúvidas quanto à razão de ser e à utilidade de um acordo ortográfico: «Há muitos anos que eu venho ouvindo falar deste acordo, que sai e não sai. Mas, se eu olhar para o meu próprio país, que é Moçambique, nós somos tão diversos que de vez em quando acho que cada um tem o direito de escrever a sua língua portuguesa».

Fonte: Portugal Diário

Como já havia sido noticiado em Janeiro aqui no OVERDADEIROPORTUGAl, parece que vamos ter de aprender outra vez a escrever!!

Peço mais uma vez que assinem a petição contra a mudança da Língua Portuguesa para Língua Luso-Brasileira:

http://www.petitiononline.com/naoacord/petition.html
Assinem e façam-se ouvir!

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